terça-feira, 28 de agosto de 2007

Madeleine Peyroux

Trecho da entrevista concedida ao caderno Ilustrada da Folha de SP em 28/08/2007.

FOLHA - Qual é a principal diferença entre ouvir seu disco e vê-la cantando em um show?

PEYROUX - O processo de gravação é muito diferente de cantar ao vivo. Quando você está gravando, tenta criar uma conversa com quem está ouvindo, porque o cantor não existe sem público. Acho que cantar ao vivo é uma coisa mais pura musicalmente. Podem acontecer erros, imprevistos, você pode passar vergonha, mas é o motivo pelo qual fundamentalmente vivo.

FOLHA - Então você prefere tocar ao vivo a gravar um disco?

PEYROUX - Com certeza. Gosto de pensar na música em um contexto dramático. A diferença entre um disco e música ao vivo é como a diferença entre um filme e uma peça: o filme está ali, não muda, não importa o que aconteça. No teatro você tem a reação do público, que faz com que tudo mude a cada noite. A música tem que ser ao vivo para você entendê-la, é uma forma de arte que existe ao vivo, tem que estar acontecendo no momento. Ela existe em um contexto de tempo e espaço, é uma arte de performance. Não há música sem audiência.

FOLHA - Existem artistas que não gostam de se apresentar ao vivo.

PEYROUX - Se faço um som no quarto, não é arte. Arte é comunicação. Tem gente que gosta de fazer e ouvir música sozinho. Mas acredito que música seja interação. Quando faço algo no palco e a platéia responde -com um suspiro, qualquer coisa assim-, cumpri minha função. Sem platéia não tenho razão para ser artista.

Minha preferida: Madeleine Peyroux - Between the Bars

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